domingo, 16 de março de 2014

Fotos: Arena Corinthians (15/03/2014).


Algumas imagens que registrei ontem (15/03) durante o primeiro treino do Corinthians na Arena e, depois, no churrasco organizado por torcedores em frente a mesma.





















segunda-feira, 10 de março de 2014

O autógrafo que foi lavado.


O ano era 1998 e o Corinthians havia se classificado para a final do Campeonato Paulista. Gamarra, Gilmar Fubá, Silvinho, Marcelinho Carioca e companhia iriam em busca do bicampeonato estadual contra o 5ão Paulo.
Nessa época eu já enchia os pacova do pessoal de casa com um desejo claro: “quero ir num jogo do Corinthians”. O fascínio por ter estado no Pacaembu em um jogo de Juniores em 1995 já havia passado, o papo de que “estádio é um lugar muito violento pra levar criança” não colava mais e eu queria porque queria (vejo hoje, com toda razão neste meu querer) ir em um jogo do Corinthians.
Nessa época, ainda, os treinos cotidianos dos jogadores profissionais do Corinthians eram realizados no estádio Alfredo Schuring, dentro do Parque São Jorge, e eram (descobriram os meus pais) abertos à torcida. O que, diga-se de passagem, permitia um contato muito mais estreito entre jogadores, sócios do clube e torcedores em geral – a quem será que interessa o refúgio em um centro de treinamento inacessível à sócios e torcida?
Meus pais, então, bolaram um plano, se organizaram e, não querendo (ou não podendo, não sei) me levar a um dos jogos da final, tapearam minha vontade me levando à Fazendinha para assistir ao treino do sábado, véspera do primeiro jogo da final.
Não tenho muitas lembranças do treinamento em si, só os jogadores correndo ao redor do gramado (quando o Gilmar fez um positivo pra mim), a chegada de alguma torcida organizada (com batuques e bandeiras) e um momento muito esperado: o fim do treino, quando os jogadores se aproximariam do alambrado para dar autógrafos aos torcedores.
Havíamos levado uma camisa que eu tinha (pirata, simples, que era o que cabia no bolso e na vontade de vestir uma camisa do Corinthians) com esse intuito, de recolher nela algumas assinaturas.
Nem todos ficavam para este momento, é importante dizer. Os que ficavam eram solícitos e atenciosos. Lembro-me de interromper uma conversa do zagueiro Cris com um rapaz que vestia camisa dos Gaviões da Fiel para lhe pedir um autógrafo em minha camisa – que não estava vestida, mas na mão, para passar pelo alambrado. Ele a pegou, autografou, me devolveu e voltou a conversar com o rapaz.
Lembro que havia um grande aglomerado de pessoas em uma região específica do alambrado, pois, do outro lado deste, Marcelinho Carioca concedia, sem pressas, autógrafos. Meu pai me posicionou em um local distante da muvuca, orientou que eu não saísse de lá por nada, e se enfiou no meio daquele mundaréu de gente (que nem deveria ser tão grande assim, mas que, aos olhos do Gabriel de 9 anos, parecia gigante), e retornou de lá um tempo depois, trazendo em mãos minha camisa com uma assinatura em azul ao lado do símbolo do clube: “Marcelinho”, se lia na assinatura.
Além do Cris e do Marcelinho, Vanderlei Luxemburgo, técnico da equipe, e Didi, que se não me falha a memória fez as vezes de “talismã” nalgumas partidas daquele ano, também colocaram seu nome em minha camisa.
Durante anos esta camisa ficou sumida. Depois de anos ela reapareceu. E durante um outro grupo de anos, ela me era um troféu, mostrava para amigos que iam em casa, falava sobre ela quando era oportuno (ou nem tão oportuno assim). Certa vez tentei enquadrá-la, mas não deu certo. E decidi por bem a guardar em uma caixa junto com outras tantas camisas do Corinthians que já não me servem mais – não sei o que vocês fazem com as camisas que ficam pequenas, eu guardo, vai que um dia vem uma nova geração para vesti-las...
Porém, o motivo da escrita deste texto não é enaltecer esta tão histórica – para mim – camisa, mas sim comentar sobre a perda do “supertrunfo” em seu peito.
Nas confusões eminentes da minha mais recente mudança (a saída de uma casa em Marília, para duas em São Paulo) ela foi colocada para lavar juntamente com outras peças de roupa. E então, aquele traço contínuo e fino, que formava em letra de mão corrida, a palavra “Marcelinho” se foi pelo ciclo de lavagem de uma moderna máquina de lavar e centrifugar roupas.
A materialidade que comprova que um dia Marcelinho Carioca (ídolo de minha infância, cujo modo de comemorar gols tantas vezes imitei para celebrar aqueles que eu marcava) pegou uma camisa minha em suas mãos e imprimiu sobre ela o seu nome, a sua assinatura, a sua marca, não mais existe.

Deste fato material restam apenas as lembranças inocentes de um garoto cujos pais faziam o que podiam (entre a escassez financeira e os típicos problemas domésticos) para contemplar suas vontades de ser Corinthiano.