terça-feira, 10 de julho de 2012

Vencemos, e agora?

Há algum tempo atrás, um ou dois dias antes da conquista do quinto Campeonato Brasileiro, alguém (realmente não me lembro quem) me perguntou: "Coiso, quanto tempo dura a alegria pela conquista de um título?", de pronto, eu não soube responder. A pessoa, ironicamente sugeriu: "uma hora, duas, três? Um dia ou dois?". Respondi com outra pergunta: "quanto tempo dura a tua vida?", e o diálogo se encerrou. 
Não sei dizer "quanto tempo dura a alegria por um título", talvez por que a alegria não seja 'um título', mas sim uma história, construções, repletas de histórias, pessoas, lugares, passagens e, claro, títulos. Não faz sentido querer mensurar essa alegria; é alegria, e ponto.
Para alguns jornalistas/eiros termos conquistado essa tal Libertadores da América (que eles sempre disseram ter um sabor especial) vai "desvalorizar a competição", ou seja: será que o sabor vai acabar? Será que somos tão grandes assim a ponto da nossa alegria acabar com o luxo e valor de uma competição que eles sempre lustraram com óleos de peroba? 
O meu pai, que do ano passado para cá tem pegado no meu pé com "a minha forma de encarar o Corintias", nem comemorou tanto assim o título, para ele "é a primeira de muitas", não precisa comemorar 'desse jeito'. Ele também acha que a emoção que ele me viu saborear em casa ao lado da minha mae, bem como, as centenas de Corinthianos que vimos chorando pela televisão, é um exagero, algo desmedido. 
(Temos sorte da pergunta "quanto tempo dura a alegria pela conquista de um título?" não ter sido feita a ele, a resposta - que eu presenciei na prática - não foi nada empolgante).

A Anti Corinthianada decretou que tínhamos que vencer, muitos comemoraram a conquista se virando mais a eles do que a nós - me impressionou a quantidade de material que circulou pelas redes sociais em que "chupa antis" vinha em maior tamanho do que "Aqui é Corinthians" - mas muitos também comemoraram por nós, comemoraram pela história, pela construção, pelas pessoas, lugares etc, etc.

Talvez, a alegria por um título dure enquanto durar a certeza da nossa participação na história...

Vencemos, e agora? Agora comemora!
Celebremos o Corintias!
 
                                                                            ***

Assisti ao jogo na casa dos meus pais, na região da Freguesia do Ó, após vermos - pela TV - os jogadores receberem a taça e as medalhas, nos deslocamos para o Largo da Matriz, tradicional praça para comemorações de títulos futebolísticos - é tradição: "ver erguer a Taça, e subir para a Praça". Porém, esta recebeu um cordão de isolamento formado por PM's em sua entrada principal. Os Corinthianos que, por hábito e tradição, se deslocaram de suas casa até lá, eram recebidos por policiais nada amistosos. O jeito, então, foi nos concentrarmos em um cruzamento próximo dali, em frente a um colégio e alguns bares.
Passado um tempo, dois policiais passaram por ali de moto, passaram e retornaram. No retorno, borrifaram spray de pimenta em um dos grupos de Corinthianos, o que ocasionou a saída de muita gente dali. Meu pai, bravo com a situação, disse que voltaria para casa e decidi o acompanhar. 
Foi então que presenciamos mais um espetáculo da PM paulista: descer o porrete em um grupo que discutia à calçada, e gerar uma briga e um tumulto enormes, desnecessários e que provocaram, por fim, o fim de uma festa que poderia ser tão bonita...
Abaixo, algumas fotos de quando pudemos festejar:






































terça-feira, 3 de julho de 2012

A todos que estiverem no Pacaembu.

Hoje estava nas Perdizes, participando de um congresso, e deveria ir ao Museu do Futebol, logo, teria de caminhar até o Pacaembu. Meus intuitos com esta movimentação eram estudiosos (a mostra de filmes antropológicos sobre futebol). 
Eram.
Logo que cheguei sob os Arcos do Portão Principal, notei que o mesmo estava aberto para observação do Estádio, e julguei por bem entrar para deixar algumas boas energias minhas por ali, para o jogo que ocorreria 30 horas adiante.
Mais ou menos uma duzia de pessoas estavam apoiadas na grade que delimitava o espaço da visitação (no vão de entrada se alongando até a segunda escadinha das arquibancadas verdes, ficando a uns 4 metros do alambrado), apenas eu e outro não vestíamos camisas do Corintias. Estávamos todos apoiados na grade observando o gramado, as arquibancadas vazias, pessoas trabalhando com cabos, limpando o Estádio, preparando câmeras, catracas, montando o 'pódio' etc.
Conversei com um e outro sobre preços de ingressos e estar ali para fazer orações e coisas do gênero, e percebi que havia passado uma hora ali, apoiado na grade. Notei que os filmes já iam começar, e me arrumei para sair do Pacaembu.
Após três ou quatro passos, estava de frente para a saída do Estádio, parei, fechei os olhos e olhei para cima, apenas os abri pois as lágrimas pediam passagem: naqueles instantes de olhos fechados lembrei-me de tantos momentos no Pacaembu, de tantas pessoas com quem assisti jogos, de tantos jogadores que aplaudi e xinguei, de tantos placares que me fizeram vibrar etc.

Por isso estou escrevendo este texto, ele é dedicado a todos vocês que amanhã estarão no Pacaembu, embora seja redundante, ele é um pedido a todos vocês:
Gritem por mim;
Gritem por meu pai, responsável pelas minhas primeiras idas ao Pacaembu;
Gritem pelo pai do meu pai, que faleceu a três meses, e estava - junto de meu pai - de mãos dadas comigo na primeira vez em que passei pelos Arcos do Pacaembu;
Gritem pela minha mãe, que já encarou tempestades e insolações (literalmente) para que pudéssemos estar em um jogo.
Gritem por todos nós que não estaremos no Pacaembu!

VAI CORINTIAS!