quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sobre a série "Grandes Campeões".

Nos últimos dias, após o atropelamento da equipe litorânea em solo Japonês, os canais SporTV começaram a sua "retrospectiva 2011", com a série Grandes Campeões. São vários programas, sendo cada um deles dedicado a um campeonato, relembrados em ordem cronológica: primeiro foram alguns estaduais da região Sudeste e Sul (um programa para cada campeonato), depois as Copas do Brasil e Libertadores, em seguida a Série B do brasileirão e, por fim (pois creio que não repetirão o vexame litorâneo) a Série A do brasileirão.

Não fossem as razões que me fazem escrever este texto, julgaria não ser necessário dizer, mas esta série de programas visa enfatizar as equipes campeãs no ano que se encerra. Afinal, são os "Grandes Campeões".

Pelo que pude observar dos programas dedicados aos Estaduais, Copa do Brasil e Libertadores, mostrava-se brevemente os trajetos que os times finalistas realizaram para chegar até a partida derradeira e, posteriormente, o jogo decisivo era transmitido integralmente. Perdi as contas de quantas vezes a final da Copa do Brasil foi reprisada nos últimos dias.

Ontem à noite assisti o programa dedicado à Série B, que, por conta dos pontos corridos, dedicava-se a falar da campanha e do título da Portuguesa, para, posteriormente, falar das demais equipes classificadas para a Série A de 2012. No fim, foram passados os melhores momentos de Portuguesa x Duque de Caxias, jogo em que a Lusa ergueu a taça.

No começo da tarde de hoje, precisamente às 13h30min, no canal SporTV1, passou-se o programa referente à Série A do Campeonato Brasileiro, vencido pelo Corintias. Diferentemente dos demais programas da série que assisti, este seguiu uma lógica um pouco distinta: mês a mês, mostrava as mudanças na tabela do Campeonato, dando ênfase para grandes jogos do certame, como Corintias 5x0 São Paulo, Santos 4x5 Flamengo e Coritiba 5x0 Botafogo, entre outros.
Após relembrar quais equipes foram rebaixadas para a Série B 2012, e quais se classificaram para a Libertadores 2012, o programa dedicou-se às duas últimas rodadas do Campeonato que teve como vice campeão o Vasco. Equipe que mesmo com a conquista da Copa do Brasil, apesar do gol irregular marcado pro Fred na penúltima partida e mesmo com a eliminação na Copa Sul Americana, chegou na última rodada podendo ser campeã.

Já no final do programa, precisamente às 14h35min - ele ia até as 15h00min - com um escudo do Corintias ao fundo, o apresentador diz: "chegamos ao momento mais esperado do programa: a conquista do Pentacampeonato Brasileiro pelo Corinthians! Vamos aos melhores momentos de Corinthians x Palmeiras".

Com uma pulga atrás da orelha, aguardei para assistir ao programa Grandes Campeões que trataria do campeonato que teve como Grande Campeão o Campeão dos Campeões. E confesso também que achei deveras esquisito o programa Grandes Campeões ser mais uma retrospectiva do campeonato do que uma cobertura em si do Grande Campeão: o título do Corintias não deveria ser "o momento mais esperado do programa", e sim deveria ser a tônica do episódio. Tal como a conquista do Vasco foi a protagonista no episódio sobre a Copa do Brasil, o foi o Santos no programa sobre a Libertadores, o Inter no programa sobre o Gauchão etc.

Enfim, esta compilação de "o que foi importante no Campeonato Brasileiro de 2011", realizada pelos profissionais do SporTV e nomeada de Grandes Campeões, faz-me pensar por dois rumos: o primeiro é que, de fato, o Corintias pode ter a maior torcida, fazer a melhor campanha e erguer a taça, mas vamos com calma, deve ter dito algum diretor do canal; o segundo rumo é que, levando em conta a troca de 's' por 'x' na fala do apresentador, fica claro que, enquanto o vice for carioca, e o campeão for paulista, falemos do vice, orax, deve ter dito este mesmo diretor do canal global.

***

Ps: não posso, porém, negligenciar o fato de que os poucos minutos dedicados ao Corintias x Porco da última rodada arrancaram-me cânticos, gritos e arrepios. Vibrei, novamente emocionado, com o chute que Jorge Henrique dá nos troféus que os porcos conquistaram no Século XXI (vulgo "chute no vazio"). E, ao fim do jogo, abracei minha mãe e corri para a frente de casa, gritando novamente "é penta, é penta Corintias!".

VAI CORINTIAS!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O penta (e uma pequena infelicidade).


Enfim, pudemos gritar é campeão, é penta, é Corintias!
Mas, como é Corintias, a coisa tem que ser doloroso, arrastada, lenta e sofrida. Acreditar que conquistaríamos o título contra o Figueirense, foi um equívoco histórico!



Pude sair de casa, estourar um champanhe, brindar com o Renan, meu grande parceiro de Corintias nestes anos de faculdade; pude trocar um beijo apaixonado repleto de glórias alvinegras; pude estourar rojão na porta do prédio dos antis; pude cantar, abraçar marmanjos, brincar com crianças, celebrar com as famílias, os vizinhos.
Vibrar com os amigos, gritar até a garganta doer (como dói agora), tocar o surdo e ficar com as canelas doendo, balançar a bandeira por tanto tempo e ficar com os braços doloridos.



Aqui em Marília/SP, a festa foi muito bonita. Fechamos duas quadras da Avenida Esmeralda (uma das principais da cidade), acredito que em torno de duas mil pessoas estiveram por lá. O pessoal da Fiel Macabra levou seus instrumentos musicais, a cantoria por ti Corintias rolou solta até as 22h00min, quando a festa teve de se encerrar por conta do barulho, de ser um bairro residencial e todas essas chatices.


Não havia só Corintianos na festa, pessoas desfilavam com camisas de seu clube, havia até dois engraçadões com uma bandeira do Vascu. Mas tudo estava harmonioso, famílias pela rua.


Até que chegamos à pequena infelicidade.
Quando já estávamos saindo de lá, para voltar para casa, convidei um palmeirense a tirar uma foto comigo, ele estava entre Corintianos e um rapaz sem camisa de clube algum, uma camiseta branca. Brinquei com o porco, que levou numa boa.
Porém, o jovem com camiseta branca "tomou as dores" (talvez, dores de corno) do porco, e se apresentou como São Paulino, com aquele velho discursinho: quando vocês ganharem uma Libertadores pode vir zuar a gente! Ao que respondi rindo e abrindo a mão: Libertadores? A gente enfiou cinco em vocês!
A resposta dele foi erguer seu capacete e batê-lo contra o meu rosto, quebrando dois dentes frontais. Saiu correndo após isso.


Pelo menos honrou a história do clube que disse defender: agiu de forma covarde. Não deu chance para o revide.

E ai, a minha festa pelo penta, terminou as 22h30min, no consultório de um dentista simpático.

Dentes e São Paulinos descontrolados à parte

AQUI É CORINTIAS!
E É PENTA PORRA!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Esta força popular - I.


Ontem, no início da noite, fui até o mercado. Trajando uma das camisas de 1996 e o boné da Estopim, no caminho saudei todos os Corintianos que estavam a caráter, e fui saudado por outros, a paisana.
Parado em frente à geladeirinha em que ficam sendo refrescadas as cervejas, pensando na vida, duas senhoras se aproximaram com um carrinho de compras, nele, apenas uma vaso de flores. O estacionaram ao lado da prateleira e começaram a pegar latinhas da mais barata. Antes que o carrinho ficasse cheio, uma terceira senhora chegou, assustou-me dando um tapa em meu peito, bem em cima do distintivo, e falou, alto: "esse é o time que vai ser campeão amanhã!".
Prudente, respondi um moderado "espero que sim, espero!", ela seguiu o diálogo, acompanhando as colegas na ação de encher o carrinho com cervejas: "nois já vamo começar a beber hoje".
Uma outra senhora entrou no assunto: "sou palmeirense, não gosto do Corintia. Tinha dois copos lá em casa: um verde do palmeiras, e um do Corintias. Dei o do Corintias pro meu sobrinho e no outro eu vou tomar cerveja. Mas, mesmo assim, quero que vocês ganhem, merece".
Com o carrinho abastecido, as três senhoras me deram tchau, a primeira a puxar assunto comigo, se aproximou de mim e disse rindo: "meu patrão torce contra, mas eu torço a favor, torço pro Corintias!".

É com esta força popular e com o pesar pelo Doutor Sócrates [Heraldinho, e toda a fiel, estão mais tristes hoje], que vamos pra cima já já!

VAI CORINTIAS!

sábado, 3 de dezembro de 2011

Força ao Doutor Sócrates!

No último sábado parei um trailler de lanches para me encontrar com algumas amigas. Na mesa ao lado dois homens bebiam cerveja, ambos usavam bonés do Corintias. Os saudei, como não poderia deixar de ser.
Um deles esticou o braço, apontando minha camiseta (esta da foto abaixo) e disse sorrindo: "mano, que louca sua camiseta". Olhei para ela, para ele e concordei: "o Doutor é o cara".
O homem perguntou onde a comprei, pois queria uma igual e nunca havia visto. Disse a ele que não sabia onde era a loja, que havia sido presente de parentes que moram bem longe daqui.
Ele, então, propôs uma troca: "eu tenho um bandeirão no meu carro, você troca a camiseta por ele?", "não, não troco pois foi presente...", "mas, como você chama?", "Gabriel". Se levantou, veio em minha direção e abriu a mão direita para um aperto: "sou o Heraldinho, Corintiano e trabalhador. Troca essa camiseta comigo Gabriel!". "Poxa Heraldinho, foi presente dos meus tios, além de ser do Doutor foi presente", "vou te mostrar meu bandeirão, tá ali no carro".
Tirou as chaves do bolso, mostrou - orgulhoso - o chaveiro: uma réplica de chinelo com o símbolo do Corintias, mostrei o meu chaveiro: um símbolo do Corintias em metal. Apertamos as mãos novamente.
Heraldinho vibrou, e foi abrindo o porta malas do carro. Tirando o seu bandeirão (que, na verdade, era um cobertor, realmente grande). O esticamos o balançamos, gritamos Corintias minha vida, Corintias minha história, Corintias meu amor balançando a bandeira. Naturalmente que fomos olhados com estranheza pelas demais pessoas que estavam no trailler.
Dobramos o cobertor, Heraldinho o colocou de volta dentro do carro, antes de fechar a porta ainda me disse: "vamos trocar?", "olha Heraldinho, não".
"Mas Gabriel", insistiu, "é uma camisa do Doutor, o Doutor é o maior jogador do Corintias. Eu lembro dele, eu vi ele jogando. Fiquei muito triste quando ele foi pro hospital, mas agora já melhorou. Troca comigo".

Não troquei a camiseta com ele. Realmente, pois foi um presente dado com muito carinho.

A persistência de Heraldinho, e a forma como falava do Doutor, a forma como todos nós, Corintianos, falamos do Doutor, é a força que enviamos à ele.


Força Sócrates
Vai Corintias

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Esta força popular.

Moro na mesma casa já faz quase 3 anos, conheço alguns vizinhos pelo nome, outros apenas de "olás" e "boas tardes". Já vi lojas, bares e lanchonetes abrirem e fecharem, mudarem de donos; vi casas serem demolidas do dia para a noite, e também acompanhei a construção de uma morada.

Neste bairro, desde o comecinho de 2009, sou chamado por muitos como "corintias" e "corintiano". É um bairro em que há muitos corintianos: dentre muitos, há o senhor que está em todos os começos de tarde tomando sua cerveja e/ou seu rabo de galo no bar da rotatória sempre ergue um braço e brada "vai corintias!", ou "tem que ganhar!" quando eu passo.
Na última segunda feira eu passava por lá, era uma da tarde, e a cerveja e o rabo de galo estavam em sua companhia, este senhor vestia uma camisa antiga da Camisa 12 e um boné de crochê branco com o escrito "gaviões da fiel" em preto. Se levantou da cadeira e veio me abraçar, dizendo com força e um largo sorriso: "ganhamos, vamos ganhar, vamos ganhar o título!". Retribui o abraço, e as falas de esperança e confiança.

Eu caminhava acompanhado de uma boa amiga, que se assustou com a exaltação, tanto minha quanto do senhor. Perguntou se já nos conhecíamos, e expliquei que a três anos sempre saudamos o Corintias juntos, pois o Corintias é bem mais do que mero clube, mero futebol na TV, como muitos supõem, e isto é suficiente para que nos abracemos com tanta proximidade.

Agora a pouco esta amiga me enviou a foto abaixo, a tirou na rua, perto de casa também. Este senhor, eu nunca vi, mas confesso que me emocionei, pois o Corintias é esta força popular.



VAI CORINTIAS!

domingo, 13 de novembro de 2011

Sobre a paixão e um punhado de chuva.

Sobre a paixão:
Em meados de 2000, quando eu cursava a quinta série do Ensino Fundamental, costumava passar as tardes de terça, quinta e sexta na escola. Tinha aula pela manhã e "aulas de reforço" à tarde; ou, simplesmente ficava esperando minha mãe sair das longas reuniões semanais. Outros garotos faziam o mesmo, e, entre aulas chatas e esperas extensas, frequentemente acabávamos passando a tarde jogando futebol numa das quadras do colégio.
Corintianos, palmeirenses, são paulinos e flamenguistas. Lembro-me de haver garotos, sumariamente, torcedores destes times naquelas tardes.
Certa vez, numa fria tarde, um destes garotos - mais forte e popular (tal qual nos filmes norte americanos) do que eu - torcedor do time de três cores, resolveu encasquetar com a touca de frio que eu vestia, do Corintias. Disse para eu a tirar e lhe dar, coisa que não fiz. Ele tentou me bater, mas me esquivei e fugi pelos corredores do colégio.
Encontrei um inspetor e caguetei o são paulino, que, no dia seguinte, fora punido com uma suspensão em razão do ocorrido.
Hoje no Pacaembu vi, de longe, este garoto que, como eu, já é um homem. Trajava boné e camisa do Corintias, pulava, cantava o hino e tomou a mesma chuva que eu e toda a Fiel presente no Templo tomamos.
Me pergunto: será que o tempo que vivemos faz com as pessoas mudem de paixão? Ou, realmente, paixão não vale mais nada no futebol moderno do marketing?


Sobre um punhado de chuva:
Em geral, gosto da chuva, já escrevi sobre a glória que há nalgumas chuvas tomadas. E sempre digo para os mais próximos como gosto de ir a jogos em que chove, sobretudo no verão, quando a água gelada que vem de cima rompe com o calor que, às vezes, parece brotar até pelo cimento das arquibancadas, de baixo.
Acho bonito o agitar da torcida em meio às águas que vem do céu, gosto da sensação de 'limpeza' em meio à tensão do conflito futebolístico.
E hoje, com a chuva que nos molhou a partir do trigésimo minuto de jogo (mais ou menos) tive essa sensação, de 'limpeza'.
Não é de hoje, sofro demais por estar longe do Corintias, materializado
no encontro com os rituais de dias de jogos, o estar com os demais torcedores, o cantar e exaltar-se únicos da presença no estádio. Tudo isso, a mim, compõem o viver o Corintias de que sinto tanta falta lá no interior.
Por obra divina da Talitíssima, que me arrumou dois ingressos, hoje pude ir ao jogo no exato local que tanto me agrada (nesse canto tão feliz), sem toboguices, na companhia de minha amada Mãe e exalando - por todos os poros - saudades do sentimento único do Corintias, agravadas pelas angustias deste campeonato esdrúxulo.
A chuva, nos quinze minutos finais, além de empapuçar a minha boina preta, serviu como um repositor de energia, a energia que precisarei tanto para aguentar as próximas 4 semanas de pontos correndo, estando lá, bem longe de tudo isso.


Ps.: haveria espaço ainda para um terceiro sub título: a trave salvadora, mas por ora, basta de escrita, e de sofrimento.

VAI CORINTIAS!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Isto não é uma acusação.

Em Julho de 2006 participei de um Congresso Científico em Florianópolis, cheguei nesta bela cidade na manhã de um domingo, dia 16, e retornei para São Paulo na manhã do sábado seguinte, precisamente dia 22.
Quando cheguei ao aeroporto da capital Catarinense para o retorno à São Paulo, me encontrei com o cidadão da foto abaixo, o ex-árbitro e atual aliado alienador da globo, Leonardo Gaciba.
Tirei um sarro dele por conta de um tropeço que tomou no Corintias x vascu de 2005, e pedi para tirar uma foto com ele, por duas razões: meu vô gostava dele, e acharia bacana me ver ao lado do cara, como achou; e eu sabia que num futuro não muito distante relembrar esse dia com afinco me seria útil.
Esse dia chegou.


Junto com ele, vindo de Porto Alegre, estavam os bandeiras Altemir Hausmann e - caso não me trai a memória - Roberto Braatz. Mais tarde, quando entramos no mesmo avião, conversei com o Gaciba, e ele me disse que iriam para São Paulo realizar outra conexão, para Goiânia, onde fariam, no dia seguinte a arbitragem de Goiás x Palmeiras, válido pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro daquele ano.
O avião - não me recordo o modelo - era dividido em duas filas de poltronas: à direita do corredor, com fileiras de 3 cadeiras, e à esquerda do mesmo corredor, fileiras de 2 cadeiras. Me sentei na última fileira da esquerda, e, bem em frente, se sentaram Leonardo e Altemir, o terceiro árbitro sentou-se mais a frente, sozinho.

Antes mesmo do avião decolar, Gaciba disse ao colega que estava cansado, e tentaria cochilar até São Paulo. Altemir Hausmann, pelo contrário, disse que mataria o tempo fazendo cruzadinhas.
O bandeira sacou uma das tradicionais revistas da coquetel e uma caneta branca, com detalhes em verde, um símbolo igualmente verde e os escritos Sociedade Esportiva Palmeiras.

Neste exato instante, não me contive, aproximei-me de sua cadeira e lhe disse: "e ai bandêra, e essa caneta do porco hein?".
Desconcertado ele olhou para a caneta, Gaciba olhou para mim e disse: "foi presente, isso é muito normal no futebol", e os dois riram.
Retomei o meu lugar; desconfiado, afrouxei um pouco o cinto.

As notícias que vejo agora são de que Hausmann, que estava de frente para o penalti dado ao América pelo árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima, juntamente do segundo bandeira da partida de ontem, Júlio César Rodrigues Santos, foram agredidos ao passarem pelo Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

A partir da vivência de 2006, sempre contada aos amigos, mas nunca formalizada num texto, realizo duas perguntas:

1)Senhor Altemir, com caneta de qual clube o senhor andou realizando cruzadinhas recentemente?

2)Não poderíamos dizer que os tapas que a mídia noticia terem ocorrido hoje "foram presente, isso deveria ser muito normal no futebol?".

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Alguma explicação científica?

Como tem sido corrente nas últimas semanas, às vésperas dos jogos do Corintias neste campeonato xexelento, passo as noites sonhando com as partidas que virão nas próximas horas. A cada rodada os sonhos começam mais cedo, esta semana começou de quinta para sexta.
Embora não envolva diretamente a partida do próximo domingo, envolve o Corintias, e a ansiedade para a próxima rodada que, assim como todas as anteriores, não será definitiva por ora, mas sim só daqui a uns dois meses.
No sonho desta noite, o Corintias jogava contra a Porcada no Pacaembu, Marcos não jogaria, com medo de tomar frangos, e o atacante máximo do Todo Poderoso seria ninguém mais, ninguém menos do que o ex-presidente da República, o Lula. Na minha concepção, lúcida, e estando bem acordado, talvez fosse uma opção melhor para o ataque do que uns e outros que andaram vestindo nossa camisa.
Eu assistia o jogo na televisão da casa de meus pais, com mais um monte de gente, que não consegui identificar, pois era um sonho.
Lá pelas tantas, uma falta para o Corintia, um jogador porco é expulso e Lula se apresenta para batê-la. Tal qual Rogério Ceni, o goleiro reserva dos porcos engole um frango.
Todos em casa gritam, menos eu. Na imagem do sonho me vejo vibrando pelo gol marcado por Lula, mas não consigo gritar. Bato nas paredes e nos móveis, abraço as pessoas da casa, mas o grito não sai, por mais que tente.
Isto é frequente em meus sonhos: nunca grito gol, não consigo fazê-lo!

A pergunta que faço: existe alguma explicação científica para não conseguir gritar gol do Corintias nos sonhos?

domingo, 2 de outubro de 2011

Pontos Correndo.

Como não me lembrar do "formato antigo" do Brasileirão, se vibrei dois grandes títulos conquistados e chorei uma final perdida nele?
Esta discussão, sempre polarizando duas opiniões distintas, quase como debate eleitoral, cansa, mas, é uma discussão da qual creio não podermos fugir: enquanto houver discordâncias, o assunto tem de ser levado à mesa, mesmo que de bar.

Um dos principais argumentos de quem é a favor dos pontos corridos - e aqui, já me colo contra este tipo de organização para o campeonato brasileiro - é de que a disputa é marcada pelo equilíbrio. Esta ideia de que "será campeão aquele que tiver aproveitamento melhor dentre os 38 jogos", soa-me extremamente complicada, justamente, pela noção de equilíbrio colocada em questão.
Para pensar o equilíbrio, lembremos do formato antigo do Brasileirão, em que era disputada uma fase de "todos contra todos", e, posteriormente, jogos de "mata-mata".
Tomando como exemplo o campeonato de 1999, último conquistado pelo Corintias neste formato, foram: 21 jogos na primeira fase, 3 jogos de quartas de final (podendo ter sido 2, caso um dos times se saísse vitorioso nas 2 primeiras partidas), 2 jogos de semifinal (pois o Corintias venceu os dois confrontos contra o 5PFC, como era de se esperar, e eliminou o terceiro) e 3 jogos de final.
Ou seja: ao todo o Corintias disputou 29 partidas e, mais importante em meu raciocínio, teve sua capacidade de equilíbrio, de manter-se estável (e vencendo) em duas formas de disputa distintas: na primeira, somando pontos jogo-a-jogo, e na segunda, saindo triunfante nos confrontos diretos e repetidos.

Este é o argumento matemático que guia minhas críticas aos pontos corridos.
Porém, gostaria de apontar aqui o argumento subjetivo, quase psicológico.

Há quem diga também que o campeonato por pontos corridos preza pela emoção, que "cada jogo é uma final" e que a cada ano isso tem valorizado o brasileirão como "o campeonato mais disputado do mundo".
Para questionar este conceito de "emoção" basta lembrar das últimas rodadas do ano passado, dos entregas preconizados por porcos e tricolixos, quando disseram "flu me vence", para questionar: é dessa emoção que estão falando?

Certamente, quem defende com unhas e dentes este campeonato, não defende com unhas, dentes e coração um time que o disputa.
Certamente, ter uma final a cada rodada, interessa para quem lucra com ingressos, quem lucra com camisas, com todos esses produtos que - ironicamente - apenas invadiram o nosso mercado com a consolidação dos pontos corridos.
Mas o que me aflige mesmo é saber que, neste campeonato tão disputado, ainda terei muitas noites sem dormir, somando-se às que já passaram, pois essa é a emoção que o torcedor merece.
Certamente, quem defende os pontos corridos não fica sem dormir por causa do jogo de seu time, talvez não tenha nem time, e talvez não tenha problemas em ter que esperar por um gol de seu rival para poder comemorar pontos correndo na direção de sua felicidade.

Por fim, aponto que, para mim, os pontos corridos são uma ofensa aos nervos, ao estado psicológico e à condição de convívio social pacífico em dias de grandes jogos, como hoje.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Será que "aqui é Corintias" mesmo?

O Corintias lançou ontem, como parte do marketing das lojas "Poderoso Timão", duas propagandas; para quem não as viu, aqui estão as duas. Na descrição deste vídeo no youtube, em tom de deboche, a pessoa diz: "decidiram arrumar sósias de craques na 25 de março". Nestas palavras, o sujeito não está de todo errado.
Entendo a ideia de ironia presente no comercial, algo como "até os rivais se rendem à nós", "até os rivais dizem 'aqui é Corintias'".
Entendo a ironia, e por isso mesmo, repugno este comercial, pois vale-se de uma apropriação e corrupção nojentas de uma das nossas maiores identidades enquanto Corintianos: a fala de que "aqui é Corintias", dita em momentos diversos, para além dos de jogo, pois o Corintias é esta força além-futebol (algo que, parece-me, os profissionais de marketing do clube só compreendem na hora de criar produtos para o "dia-a-dia", como o faqueiro e o abridor de garrafas com escudo do clube).
Além de vulgarizar este importante valor de nossa cultura, como fizeram, por exemplo, com nossa camisa (ao criar as aberrações roxas e vinho), a propaganda entrega a nós, de mão beijada, a compreensão de torcedor por parte de quem a criou.
As duas compras, dos sósias de Kaká e Neymar, ocorrem no momento em que o Corintias está em campo (contra as equipes paulistas que fazem parte da história destes jogadores); mais ainda, no momento da compra (e da pergunta inocente da vendedora) o Corintias marca um gol.
Tanto o jogo, quanto o gol, são ignorados pelos sósias, que pegam suas sacolas, dizem "aqui é Corintias" e vão embora.
Ou seja, o "aqui é Corintias" de que se valem para propagandear a loja refere-se a um sujeito que consome muito mais do que torce para o time. Eu não sou o público alvo deste comercial, mesmo sendo, cada lugar em que estou, lugar do "aqui é Corintias".
Entendo mais de Corintias do que de marketing, e, justamente em razão disso, tenho a sincera impressão de que este vídeo é mais uma "anti propaganda" do que uma "propaganda", pelas razões descritas acima. E, sobretudo, por serem elas próprias deboches de nós, de nossa história. Sem sombra de dúvidas, quase tão sacanamente irônicos quanto a descrição que o sujeito colocou no vídeo.
Obrigado Departamento de Marketing do Corintias!

domingo, 24 de julho de 2011

Desventuras no Tobogã.

As desventuras se iniciaram na manhã da última quarta feira, quando fomos comprar ingressos e encontramos um Pacaembu de bilheterias fechadas; o site do Corintias, na noite da terça feira, não possuía a ressalva de que não seriam vendidos ingressos nas bilheterias do Templo na manhã seguinte, em razão do uso indevido do espaço naquele dia para outro jogo. Fomos comprar os ingressos na sede dos Gaviões, infelizmente, ingressos para o tobogã.
Hoje, na fila da tal "revista", após 30 minutos de curtos passos para adentrar nesta segunda fila, outra desventura (se é que podemos chamar de uma "desventura"). Enquanto tentava desenroscar a barra da calça dos calcanhares de meu tênis, uma voz grossa bradou aquela tão batida frase: "vai me desacatar?". Desisti da calça, e me foquei no que ocorria.
Um jovem, acompanhado de outros dois, carregava em um dos bolsos uma caixa de cigarros, tal qual esta aqui, e o senhor 'indesacatável' lhe disse que não poderia entrar com o objeto. O rapaz contestou, foi quando o senhor bradou o "vai me desacatar?", seguido de um "joga fora logo esse bagulho". O jovem, ainda tentando algum argumento para não perder a caixa, e nem o jogo, disse apenas que "é cigarro, não é bagulho".
A resposta delicada do Oficial foi pegar o rapaz pela camisa e o atirar, sabe-se lá por qual razão, em cima de mim. Desequilibrado pelo choque, cai em cima do homem que estava atrás de mim, segurando uma criança em cada mão. Este último chiou "ei, tem criança!". Seu protesto não continuou após um suave "cala boca se não sai você e as crianças".
A terceira desventura iniciou-se após passar pela catraca, quando adentramos naquela verdadeira e pura desventura, que é o próprio Tobogã.
Breve ressalva na narração das desventuras: concordo com aqueles que sugerem que o Tobogã seja um setor do estádio com ingressos, se não populares, no mínimo, "menos caros". Não se pode cobrar R$30,00 para se torcer sem ter visão plena do campo. Não importa o lugar que se fique naquele enorme retângulo, não há perspectiva para se acompanhar a bola: ela está indo para o lado, mas parece estar indo para frente, ela está subindo, mas parece que está sendo recuada. Talvez R$15,00 fosse o justo, talvez R$18,00, valor de arquibancada no Fiel Torcedor. Matemáticos e economistas, por favor.
Retomando aos ocorridos.
Além da questão "visibilidade", o tobogã fez-se como uma grande desventura hoje em razão dos torcedores, ou melhor, do público pagante trajando camisas do Corintias que ocupou aqueles degraus de cimento.
Já me irritei diversas vezes com esse público que, sem dúvidas, se irrita com a minha presença por ali. Me irrito pois o silêncio impera. Pior do que isso, por vezes é possível se ver pessoas batendo palmas no ritmo dos batuques que vem do chiqueirinho da torcida adversária. Quando se tenta romper o silêncio com gritos e cantos, um ou outro acompanham, em contrapartida à grande maioria de olhares discordantes, e, por vezes, de repreensões, demonstrando irritação com a minha irritação.
Me irrito com o romper do silêncio mediante gritos de "ôh, vamos sentar ai", ou de agudos gritos femininos entoando nomes de jogadores.
O "perigo de gol" faz-se extremamente presente por aqui, pois toda jogada que pode terminar nesta tão desejada prática do futebol, é cantada, gritada e vibrada com total antecedência: Jorge Henrique desce pela lateral e cruza, é "gol, gol, gol" pra todo lado; falta na intermediária, é "gol, chicão, gol". A zica, como digo aqui, não sei se existe de fato, o que existe quase concretamente é uma irritação, explosiva e desanimadora quando se grita gol antes dele ser.
Por fim, a última desventura.
Gritei, durante todo o jogo. Gritei sozinho, ignorei os olhares de estranhamento. Gritei, e a garganta dói, pois gritei com a força de empurrar aqueles 11 jogadores. Gritei, cantei, desafinei, perdi o ritmo. Mas gritei. E, terminado o jogo, tive certeza de que alguns me cobravam por "não empurrar o Corintias", pois atrevi-me a ofender o jovem Renan, que tentava fugir dos repórteres.
Se a cobrança fosse realmente a mim (mas não era), somada a todos os obstáculos listados acima e a esta equivocada derrota, sem duvida alguma, teria sido uma tarde para além de todas as desventuras que de fato foi...

Algumas imagens:



















quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sobre honrar a história.

Em Fevereiro deste ano, quando o Gordo anunciou oficialmente a aposentadoria, e deixou de atrasar a nossa vida sendo um aposentado em campo, escrevi este texto para o 3 Toques. Nas linhas dele me refiro diversas vezes à 'genialidade' que teve o gordo na carreira, e como deve ser difícil "aprisionar" tal genialidade. Da mesma maneira, no final do texto, abordo que há gênios em todas as profissões do nosso sistema, e como é difícil para os que tem gosto em seus afazeres profissionais, puramente, parar.
Muitos de nós, que somos Corintias, volta e meia estamos por ai reivindicando um "corintianismo histórico", eu mesmo lancei no começo do ano um manifesto, colado nos espaços da faculdade, e sugerindo que esta história fosse levada em conta pelos estudantes daquele campus, que estão pensando alguma/qualquer coisa parecida com política, com trabalhadores, com etc.
Assim como compreendo a aposentadoria de Ronaldo e de demais pessoas que tem gosto no que fazem como dolorosas, entendo a atitude de Julio César na noite desta quarta feira (de ficar em campo, mesmo com uma dolorosa, e feia, fratura na mão), como sendo de extremo respeito à história do Corintias, de extremo respeito à esta nação de trabalhadores que não pode deixar o trabalho em razão de problemas físicos.
Fiquei emocionado, sim, com a atitude dele, de balançar a cabeça negativamente e dizer "eu vou ficar".
Assim como jogos do passado são lembrados por conta de atuações heroicas de jogadores, como Zé Maria com a camisa ensanguentada; lembro-me também do Senna, ganhando a corrida só com a quinta marcha; acho que esta atitude do mãos de alface deverá ser lembrada durante muitos e muitos anos, o que não quer dizer que eu o coloque no roll dos grandes ídolos. Hoje, ele foi bravo.
Enfim, fiquei emocionado, simplesmente, pois Julio honrou a razão de existir da camisa que veste, e, como disse ao sair do gramado, "assim é corintias", e assim tem que ser.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Corintia x Porcada - 1º de Maio de 2011.

Uns vinte dias atrás vi que o Marcelo Camelo faria um show extra para o lançamento de seu cd, conversei com o Pedro e combinamos de, caso conseguíssemos ingressos, ele vir para São Paulo e irmos ao show. Pedi para a gorda comprar os ingressos, e um ou dois dias depois ela me ligou dizendo que havia comprado dois dos últimos ingressos.
Alguns dias depois percebi que hoje seria dia de semi final do Paulistão, e isto se confirmou: está sendo.
Um jogo que tinha tudo para ser fácil, se tornou tão difícil: porcada com um a menos, Felipão expulso, Vai Corintias!
Assisti ao primeiro tempo na casa de minha tia e saímos logo após o gol dos porcos. Ouvi o gol do Corintias no rádio do carro, vindo para o local do show, de onde escrevo.
Ao entrar no salão do mesmo a moça que recolhia os bilhetes me perguntou se os porcos ainda ganhavam, disse que não, e ela murchou. Eu estava ouvindo os minutos finais do jogo em fones de ouvido. Acabou, 1x1: penaltis.
Procurei uma cadeira, a mais isolada que pudesse encontrar: estou agora numa cúpula invisível, com os fones nos ouvidos esperando começarem os penaltis. À minha esquerda, o palco, mas eu só quero que o Corintia ganhe.
Ps: e nós ganhamos!
Vai Corintias!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Fotos: Estopim da Fiel.

Sábado passado, dia 23 de Abril, como parte de minha pesquisa passei a tarde na sede da Estopim da Fiel, na cidade de Diadema. Conversei com alguns membros, tirei fotos e fui para o jogo no ônibus 77. Chegando no Pacaembu acompanhei a entrada dos materiais, e, do portão principal, dei a volta no estádio para assistir ao jogo Corinthians x Oeste de Itápolis do Tobogã. Eis algumas fotos.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A minha bandeira.

Quando criança, lá pros idos de 1996, comprei uma bandeira do Corintias, pequena, com o símbolo do clube e o escrito "timão - ninguém te segura", paguei 5 reais por ela. A comprei de uma senhora que vendia artigos referentes à futebol, por ironia, atrás do chiqueiro (aonde se pratica muitos esportes, mas futebol mesmo...).
Algum tempo se passou e essa bandeira desapareceu nos espaços ocultos da casa de meus pais. Em 1999, com o título paulista e aquele time incrível (infelizmente, não eramos imbatíveis), comecei a azucrinar meus pais para que me comprassem uma bandeira nova. Minha mãe, sempre muito criativa, comprou um metro de pano branco e um metro de pano preto, e se dedicou a costurar uma bandeira preta e branca, com a qual comemorei diversos títulos, a começar pelo brasileirão de 1999.

Eu, empunhando a citada bandeira feita por minha mãe, na comemoração do brasileiro de 2005.

No ano de 2008, quando mudei para o interior, e quando disputamos a série b, se tornou freqüente combinar as idas à São Paulo com os jogos do Corintias. Numa destas idas, na volta para casa ocorreu o fato que adicionou à minha vida outra bandeira do Corintias.
Saíamos do jogo Corintias x Fortaleza pelo primeiro turno da série B, se não me engano no dia 1º de Junho daquele ano, vencemos por 2x0. O carro era dirigido por minha mãe, no banco do carona eu e no de trás a garota com quem eu me relacionava/enganava à época (digo enganava não por puro rancor: ela foi em jogos do Corintias e vestiu o manto sagrado algumas vezes, porém, num momento de descontrole tentara profanar [com fogo!], justamente, uma de minhas camisas do Corintias).

Foto do citado jogo.

Dado momento, quando cruzávamos o viaduto do Pacaembu, deixando para trás a Avenida Pacaembu e indo em direção à Avenida Marques de São Vicente, eu vi rolando pelo asfalto, solitária, uma bandeira do Todo Poderoso. Pedi, de forma até ríspida, que minha mãe freasse o carro para eu pegá-la; com toda cautela do mundo ela o freou, ligou o pisca alerta e eu desci do carro.
Olhei embaixo do nosso veículo, e não estava lá; uma fila de carros se formou atrás de nós, motos e outros carros passavam rente ao meu corpo, e fui encontrar a bandeira debaixo do quarto ou quinto. Embolei aquele pano (quase) sagrado, até então desprotegido, e voltei para dentro do carro, ciente do risco que havia corrido, mas muito feliz, tal qual o garoto que pagara 5 reais em uma bandeira 12 anos antes.

Abaixo, foto com a bandeira resgatada da rua.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Carta aos estudantes Unesp/Marília:

Disponibilizo aqui a carta aberta que colei hoje em alguns murais da Unesp de Marília:

"Carta aberta a todos estudantes da Unesp de Marília:

O Corintias nasceu do povo, por entre os imigrantes e ex-escravos que formavam as camadas operárias paulistanas no início do século 20; O Corintias foi fundado por sapateiros, alfaiates e demais trabalhadores braçais, explorados e oprimidos.

O Corintias foi o time da várzea que derrotou os clubes burgueses, que entrou nos círculos elitistas, foi menosprezado, agredido e, mesmo assim, nunca parou de lutar.

O Corintias é o clube que participou efetivamente dos movimentos pró-democracia no Brasil no início da década de 80 (enquanto outros clubes, almofadinhas, batiam palmas aos ditadores).

O Corintias é o clube marginalizado por sua origem sem dentes, por sua origem operária e pobre: nossos primeiros treinos se deram com bolas emprestadas por patrões dispostos a rir de seus empregados batendo canelas, oras, “quem ri por último, ri melhor”: o time do povo triunfou sobre seus patrões, desde o início.

O Corintias sentou na bola jogando contra os fascistas palestrinos; O Corintias é a favela que invadiu e dominou a mansão das elites do Morumbi; O Corintias sambou nas laranjeiras dos racistas tricolores cariocas (pó-de-arroz, apelido dado aos tricolores carioca e paulista é em razão do fato de negros, para jogarem em seus times, precisarem cobrir a pele com pó-de-arroz, para ficarem menos negros: o Corintias foi o primeiro time da cidade de São Paulo a ter mais jogadores negros do que brancos).

O Corintias foi fundado sob a frase de que “o Corintias é o time do povo, e é o povo quem vai fazer o Corintias”.

É por isso colegas da F.F.C. que escrevo esta carta: ser corintiano vai muito mais além de “gostar” de um time de futebol, historicamente, ser corintiano é carregar no peito uma história de lutas e conquistas, que vão muito além do futebol.

Vamos nos unir para pensar propostas sinceras de mudanças em nossa realidade universitária, tendo por base o Corintianismo Clássico.


domingo, 10 de abril de 2011

A camisa de 95.

Em 1995 ganhamos o Paulistão em cima dos porcos, e pouco tempo depois ganhamos a Copa do Brasil em cima do grêmio do sul. Há alguns dias da final do Paulistão, não me recordo se do primeiro ou do segundo jogo, minha avó me deu como presente a minha primeira camisa de jogo do Corintias (a primeira foi esta na foto acima), que era, justamente, a camisa usada nas conquistadas citadas e linkadas acima. Ela a comprou no shopping 'mult let', que se localizava na região da Barra Funda, um pequeno shopping onde hoje funciona o império da Uninove (o shopping ocupava uma área relativa à praça de alimentação da tal universidade, não era nada grande).
Lembro-me que fiquei encantado com o símbolo em relevo e macio, que eu passei um bom tempo alisando sentado no sofá de casa. O número dela era 7, do Marcelinho, e ela mais me parecia uma camisola do que uma camisa mesmo, pois ficava gigante.
Com o passar do tempo esta camisa (assim como tantas outras coisas), desapareceu nos calabouços misteriosos da casa dos meus pais; aliás, no ano de 1999, quando meu desempenho escolar se tornou pífio, minha mãe me impôs um castigo em retaliação a um boletim vermelho: escondeu todas as minhas camisas do Corintias, proibindo-me de com elas vestir-me por um tempo. Depois que eu descobri o esconderijo e as recuperei, duas delas sumiram, a que inspira esta crônica, e a de goleiro de 1996.
Hoje pela manhã, caminhando pela louvável Feira do Rolo aqui da cidade, me deparei com esta camisa, modelo 1 de 1995 em um cabide: sete reais, que era o que eu tinha na carteira; número nove, do Viola.
Não substitui, jamais, a tão histórica e sumida camisa ganhada em 95, mas confesso que quando me sentei aqui em casa e alisei o símbolo, senti a emoção do garoto de 6 anos ao tocar seu primeiro manto sagrado; com o qual comemorei o meu primeiro título do Corintias (que é asunto para outro dia...).

domingo, 20 de março de 2011

Tortura.

Domingo é dia de acordar, comer um grude espetacular e ir pro Pacaembu. Era; doces lembranças do período que eu morava em São Paulo, e tinha este hábito.
Hoje em dia, distante da capital do estado, a rotina do domingo alvinegro é muito mais tortuosa: acordar, limpar a cozinha, comer um grude qualquer e passar por bons momentos de tortura entre web rádios com 3 ou 4 minutos de atraso em relação ao jogo, links virtuais (gatos) que já desisti de acessar a uns 5 jogos, ou mesmo tortuosamente torcer para que a sintonia AM do rádio funcione tanto quanto o nosso ataque.
Estou falando de tortura, no mais, torcer para o Corintias é este sofrimento inexplicável, e até desejável, por vitórias complicadas e apertadas, como foi hoje, como foi semana passada, e como será sempre, porque aqui é Corintias!
Vai Corintias!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Geografia.

Quando frequentava a escola como aluno da oitava série do ginásio (frequentava, não se pode dizer que eu era um "estudante" nos moldes tradicionais da palavra), já tinha preferência por estabelecer relações e proximidades mais com professores do que com meus colegas. Um destes professores, próximo de mim, era o de Geografia: um homem alto, de sotaque interiorano e voz grossa; falava alto sobre os planaltos, as planícies, etc.

Grande parte da minha proximidade para com ele se dava por conta do Corintias, que nos permitia longas conversas e, também, momentos emocionados, como uma segunda feira em que vibramos um título estadual, e, negativamente oposta, uma quinta feira em que nenhum dos dois tinha pique para existir após outra eliminação.

Final de algum bimestre e teríamos uma daquelas provas cheias de folhas recheadas com questões, e fui para a escola sem o meu estojo, tive que recorrer ao clássico grito de ow, alguém tem uma caneta pra emprestar? E fui respondido com o empréstimo de uma inocente caneta verde, com a qual respondi toda a prova.

Algum tempo passou e o professor nos devolveu as provas corrigidas e com as respectivas notas; a minha, no caso, veio acompanhada de um bilhete, mais ou menos assim:

Gabriel, parece-me que você tem andado muito pelos lados da Avenida Sumaré com a Rua Turiassu, e o ar desta região tem lhe infectado: onde já se viu, responder uma prova inteira com caneta verde?

Professor de verdade, é aquele que ensina sobre a vida; e Corintias!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Superação da Superstição?

Começo com uma breve ressalva: eu ter superado uma superstição não quer dizer que compreendo que tê-las e vivê-las seja algo ruim, passível da necessidade de serem superadas.

Pois bem Corintia.

Em 2001 jogaríamos as finais da Copa do Brasil contra o grêmio, primeiro jogo lá, segundo cá, acabávamos de ser campeões do paulistão com aquele time, e a expectativa era grande. Primeiro jogo fomos pro intervalo com um grandioso 2x0, mas no segundo tempo, um moleque de breve passagem pela nossa camisa, e agora jogando lá no time do sul, marcou dois gols: 2x2; todo jeito, o empate era bom, 0x0 ou 1x1 aqui e seriamos campeões. No domingo da final eu e meu pai acordamos e colocamos camisas do Corintias, almoçamos com elas e vimos o jogo, pela TV, vestidos nelas: 3x1 pro grêmio, e mais um dia de sair na calçada para xingar os vizinhos verdes.

Após esse jogo aposentei um pouco o hábito de assistir aos jogos em casa com camisa do Corintias. Levei o hábito a sério, e passei um bom tempo evitando não só assistir ao jogo com camisas do Corintias, mas sem vestir nada do todo poderoso em dia de jogo, exceto quando ia ao estádio, nestes casos, outra superstição: desde 2002 sempre vou aos jogos com a mesma regata do Coringão, presente de minha mãe, e eis outra superstição que superarei na marra em breve: ela já está rasgada, furada e desfiando...

Em 2003, campeonato paulista recém começado, vínhamos bem, invictos, e certo domingo de manhã meu pai precisou ir comprar algo naquelas grandes lojas de materiais de construção, e eu quis ir com ele, lembro-me de dizer algo como: vou com a camisa do Corintias, por que hoje tem jogo e vamos ganhar, ai acaba aquela coisa de não usar camisa em dia de jogo: três a zero pro são caetano, em pleno Pacaembu.

Ai não teve jeito, era zica decretada e reconhecida, abandonei da vida a possibilidade de vestir camisa do Corintias em dia de jogo. E o fiz por longos anos, até dias recentes: na última quinta feira sai de casa com a camisa que comprei recentemente em um bazar de igreja, de 1991, com patrocínio da Kalunga (e a estrela do brasileirão de 1990), desta vez ganhamos de 2x0; ontem pela manhã fui à feira com a mesma camisa, e a tarde mais um sacode pra cima dos sardinhas.

Superstição superada! Ou será que é a camisa de 91 é que traz sorte?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Lembrança sobre Ronaldos.

Hoje o Ronaldo/Gordo se aposentou, o Fenômeno (que em 98 eu, maldosamente, chamei de "Febrômeno") se lambuzou de lágrimas, e deu para ouvir as cafungadas de seu nariz aqui do sertão, ao pedir desculpas por ter fracassado na Libertadores. De raiva, confesso que chorei. Não devia nem ter entrado em campo!

Mas não quero falar sobre isso, ou sobre ele, não agora. Vamos falar "do" Ronaldo do Corintias.

Lá pelos idos de 1995, quando ganhei minha primeira camisa de jogo do Todo Poderoso (a branca com patrocínio da suvinil, presente da minha avó) eu tinha uma vizinha que trabalhava na Levi's do Shopping Center Norte. Certo dia, aquele projeto de alvinegro crescente, com meus seis anos de idade, brincava no quintal de casa quando a vizinha o abordou:

-Sabe quem foi lá na loja hoje e disse que vai voltar ainda essa semana? - devo ter respondido:

-Quem?

-O Ronaldinho - me lembro de dizer:

-O da seleção?

-Não, não é esse que apareceu agora, é o Ronaldinho do Corintias.

-Ah, o Goleiro!

-Isso! Quando ele voltar eu pego um autógrafo dele para você.

Passaram-se alguns dias e ela retornou à minha casa, com um cartão da loja autografado pelo Ídolo na parte branca, o qual guardo até hoje (na página com foto dele no livro do Olivetto), e cuja foto está ali embaixo.

Passaram-se alguns anos, e me parece que hoje querem dizer que há um Ronaldo mais Corintiano do que este Ronaldo...

Início.

Inicio mais um blogue, talvez dure, talvez não.

Na tentativa de separar um pouco as coisas, ter um endereço para chorar pitangas, este aqui, e manter uma página para escrever e discutir unicamente sobre o Corintias, assim, sem H e N.

A priori, como é de praxe nestes meios de comunicação, justifico o nome do blogue.

A alguns anos observando as pessoas em seus meios sociais, volta e meia capto detalhes que teriam tudo para passar despercebidos, um deles, notado desde meados de 2005, é a inexistência do H e do N na fala (grito, canto, exaltação, etc) do torcedor corintiano para se referir ao time, à história, ao tudo: raramente vejo e ouço alvinegros estufando o peito e gritando Vai Corinthians, com um N engajado e sonoramente presente, é Vai Corintias (com um S facultativo, podendo ser meramente vai corintia!).

De modo que a proposta aqui é essa: corintianismo sentimental e ponto, independente de regras ortográficas, de escritas oficiais, etc. Se o Corintias é do povo, é a forma como a voz deste proclama seu nome que aqui ecoa: Corintias!

Cabe também ressaltar, claro, minha condição interiorana, causadora de angustiante distância da capital e da vida ativa e presente com o Corintias, a qual tive durante longos anos da vida (e que me proporciona, mesmo longe, esta saborosa paixão), de quando era oficial e integralmente Paulistano. Muitas linhas sobre a dor de não poder estar presente incentivando (e cobrando) o todo poderoso aqui serão escritas.

Então, aforismos a parte, Vai Corintias!